Mais uma vez...

No frio da noite a parte mais íntima de mim chora. Chora pelo mal no mundo, pela morte que tudo nos rouba, pela chuva que tudo lava menos a dor.
A luz que treme, pequena e insignificante, ilumina o papel que vou sujando com palavras perdidas no tempo.
Quantas vezes já desejei que o tempo voltasse atrás?
Muitas. Demasiadas. Tantas que já lhes perdi a conta!
A escuridão reina ate o meu olhar não alcançar mais pedaço de terra ou ar iluminado.
Tudo é negro, triste, frio e soturno.
Algures, longe, almas que sofrem choram. Eu não choro lagrimas. Choro pensamentos. Letras que despejo aos poucos, como se conseguisse resolver algo. Perto daí o teu cheiro povoa o céu e o teu olhar molhado beija o infinito.
Quem me dera não ser ninguém. Talvez não existir, desaparecer na transparência de um gesto eterno.
Peno pelo que me tire deste lugar cheio de passado e cicatrizes que não fecham e continuam a sangrar.
O breu leva-me nas suas asas para um lugar que nunca conheci. Que nunca ninguém conheceu.
Adeus.