Aqui está o meu blog. Espero que gostem, comentem e divulguem por aí!! Será essencialmente um blog que reflectirá os meus pensamentos e o modo como vejo o mundo! E não se esqueçam: aproveitem a vida!

quinta-feira, março 03, 2005

Uma em cada três adolescentes já tomou a pílula do dia seguinte!

As jovens portuguesas continuam a correr muitos riscos nas relações sexuais. Um dos maiores estudos sobre as práticas contraceptivas já realizados em Portugal revela que uma em cada seis raparigas entre os 15 e os 19 anos não utiliza qualquer método anticoncepcional.
Quase um terço das adolescentes sexualmente activas já tomaram a pílula do dia seguinte e 16 por cento admitem não utilizar qualquer método contraceptivo.
O elevado recurso à contracepção oral de emergência pelas jovens dos 15 aos 19 anos acaba por ser o resultado mais surpreendente deste estudo - que visou caracterizar a realidade da contracepção em Portugal, através de entrevistas a quase 3858 mulheres dos 15 aos 49 anos e residentes em Portugal. Deste total, foi extraída uma amostra representativa de cerca de 1400 mulheres. Este resultado contraria uma das observações do primeiro trabalho de âmbito nacional sobre contracepção oral de emergência concluído no final do ano passado pelo Observatório Nacional de Saúde. Neste trabalho a franja de adolescentes não era tão significativa quanto se esperava, sendo o grosso da amostra (84 por cento) constituído por mulheres dos 18 aos 39 anos. Ainda assim, 92 das inquiridas tinham entre 16 e 17 anos, e das 18 com menos de 16 anos, a mais nova tinha apenas 12. Quem não se mostra surpreendido com os resultados do estudo é Duarte Vilar, da Associação para o Planeamento da Família (APF), para quem a elevada utilização da pílula do dia seguinte por parte das jovens não é preocupante por si só. O que é preocupante é que um terço das jovens já tenham passado por situações de risco desnecessárias, o que as levou a, "de uma forma correcta", evitar uma gravidez não desejada.
Nuno Montenegro, do Serviço de Obstetrícia do Hospital de S. João (Porto) e opositor declarado da descriminalização do aborto, não se mostra surpreendido com estes dados, que, diz, vêm ao encontro da prática clínica e da "vivência de quem está no terreno". Mas, considera que são uma prova da "falta de informação e formação" neste domínio, para além de serem o resultado da "cultura de facilitismo e ligeireza com que em Portugal estas questões têm sido abordadas". "É necessário gastar dinheiro com isto, formar professores e não só alunos", defende. Duarte Vilar aponta uma outra lacuna: só 30 por cento dos centros de saúde em Portugal tinham, em 2001, consultas de atendimento específicas para adolescentes. "Pelo menos ao nível de cada concelho devia haver um serviço de aconselhamento juvenil", preconiza. Esquecimentos da pílula são frequentes. As conclusões deste estudo - que foi patrocinado por um laboratório farmacêutico (Janssen-Cilag) - vão na sua maior parte ao encontro daquilo que já se tinha percebido em trabalhos anteriores. As mulheres entrevistadas revelaram um elevado grau de conhecimento relativamente aos métodos contraceptivos disponíveis, com especial ênfase para a pílula, o preservativo e a laqueação. Já os métodos mais recentes - como o adesivo transdérmico, o implante subcutâneo e o anel vaginal - são conhecidos por pouco mais de metade das inquiridas.
O outro problema determinante, que os resultados do estudo tornam evidente, é que a utilização da pílula convencional continua a deixar muito a desejar. Até porque os esquecimentos são frequentes - das mulheres a fazerem esta contracepção, três em cada quatro referiram que já se tinham esquecido de tomar a pílula pelo menos uma vez, um valor mais acentuado entre as adolescentes: nove em cada 10 admitiram que isso já lhes acontecera.
A agravar, e prova de que os esquecimentos são desvalorizados ou escondidos pelas mulheres, está o facto de apenas uma em cada quatro (números aproximados) contar regularmente ao médico este problema, o que, segundo os autores do estudo, acaba por "não dar aos profissionais de saúde uma percepção sobre a real dimensão do problema". Sem surpresas, a pílula é, de longe, o método mais utilizado (88,3 por cento), seguido do preservativo masculino (66,5 por cento). No entanto, mais de um quinto das mulheres (22,9 por cento) admitiram ter usado o coito interrompido, método reconhecidamente falível. Duarte Vilar diz que "não é possível que tantas mulheres usem o método duplo (pílula mais preservativo) em Portugal". Mas também há boas notícias. Um aspecto positivo é o do enorme salto do ponto de vista de informação sobre contracepção verificado entre a geração das jovens entre os 15 e os 19 anos - 83,4 por cento abordaram o tema na escola - em comparação com o grupo entre os 40 e os 49 anos - apenas 17,9 por cento.