Numa noite fria, algures no meu sonho, encontrei um espelho de gelo.
Olhei no fundo do espelho, mas não era a minha imagem que lá se encontrava, pelo menos não aquela que conheço. Quem lá estava era um fantasma, talvez o fantasma da minha alma, o fantasmo daquilo que era ou daquilo que desejo ser.
O desejo de um sonho que foge de mim num mundo ao qual eu própria fujo.
Não pertenço aqui, não é aqui que quero estar.
As pedras magoam-me os pés e o gelo queima-me a pele.
Não sei que lugar é este, onde o gelo é rei e a escuridão sua esposa.
Caminho rumo a um novo horizonte onde o sol me aqueça e os anjos envolvam as minhas feridas. Grito no silêncio da voz que me fugiu, estou presa à lápide onde construiram a minha sepultura. Agora percebo o incompreensível...
Sou um fantasma.
O fantasma de uma vida que acabou.