O sol hoje não nasceu!
A noite, mais uma vez, foi longa, demasiado longa até...
Os sonhos traíram-me e o meu coração sangrou. Senti a dor durante o sono, a dor da traição.
A dor que um dia prometemos não haver entre nós.
A chuva impiedosa molha o meu cabelo. A água escorre pelo meu pescoço, percorrendo as minhas costas até morrer na camisola já encharcada que me gela o corpo.
O corpo gelado e morto pela traição. O coração parado deixou de aquecer o sangue que me dava vida.
Adormeci para não mais acordar. Durmo num sono profundo e eterno onde não existem pesadelos.
Dói-me o corpo frio. Dói-me a dor que me craveja a alma e o ser. Morro aos poucos por não te ver. Perco a força e a vontade de viver e, temo que quando voltares mais não haja que uma sepultura onde esteja esculpido o meu nome.
Não resisti ao sofrimento, à saudade, à tristeza, à traição. A vida reflecte os sonhos. No sonho morri pela traição, na vida morro pela saudade cruel que me suga a alma.
Como foste capaz?
Destino maldito que me separas da razão do meu viver. Odeio-te por me trazeres a dor e o abismo de volta. Como és capaz de me fazeres perder novamente no labirinto sem saída que me está a matar.
A chuva cai ruidosa e sedenta de vida, mesmo que apenas a tenha por breves instantes. Nasce no céu e morre na terra, que a acolhe carinhosamente.
A cor do meu céu, tal como a da pele, é branca. Sem ti nada tem importância, nada faz sentido e tudo desaparece.
Tento abstrair-me do vazio que me preenche e teima em me invadir.
Mesmo querendo não pensar em ti, por um momento que seja, não consigo. Estás sempre presente em mim. Tudo em mim não se esquece de ti.
A tua voz, a tua pele, o teu cheiro, as tuas mãos, o teu sorriso, o teu olhar... é como se te visse todos os dias, conheço cada pormenor teu.
Envolvo-me nas lembranças de todo o tempo que passamos juntos, de cada instante perto de ti e adormeço.
Quando acordar estarei contigo.