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Sou eu não sendo.
Não sou mas negam-mo afirmando que sou.
Questiono quem saberá mais de mim. Eu própria ou vós, que preencheis a minha vida?
‘Minha vida...’.
Estranho... Um vazio ao qual chamam "vida"!
Quero sentir o frio da noite pousar na minha pele.
O silêncio ensurdecedor lateja na minha cabeça.
As palavras presas na garganta cortam-me a pele.
Tenho facas cravadas no corpo que me rasgam a alma.
Sangro. Internamente e eternamente!
Partam-se as correntes para que os meus pés sejam livres e acompanhem a minha alma perdida que vagueia sozinha nas asas escuras da melancolia que geme da luz ardente.
Deixem-me gritar! Devolvam-me a minha voz!
Roubaram-me a boca...
Quero gelar.
Que o sangue se esvaia e o coração deixe de pulsar.
Quero sentir o sabor da lua.
Quero não ter medo de ouvir o teu coração bater.
Algo se partiu. Não há retorno.
As feridas passam e deixam uma comichão incomodativa.
As feridas da alma são impossíveis de curar.